sexta-feira, 22 de maio de 2009

Desejos vãos

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
Mas o Mar também chora de tristeza…
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras… essas… pisa-as toda a gente!…
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"
É considerada como a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX.
Florbela Espanca é uma poetisa que me toca pela sua forma de escrita tão sofrida e passional, tão feminina.Nunca foi compreendida e o sofrimento, solidão e desencanto amoroso é profundamente sentido através dos seus poemas.

7 comentários:

netuno artes disse...

Não conhecia este poema, e achei deslumbrante, é maravilhoso saber escrever coisas tão belas, admiro os poetas, gostaria muito de um dia conseguir fazer um poema,
beijo,
netuno

Anónimo disse...

e as vezs eu queria ser outra pessoa

Nadezhda disse...

Alguém postou esse poema não faz muito tempo. E gostei do último verso. Quando li, pensei:"Mas onde mesmo que li isso".

;)

MRB disse...

Sabes que me encanta la poesía, pero no conozco a dicha autora.

Te deseo un plácido y feliz domingo.

Branca disse...

Adoro poesia...todas, mas as da Florbela são as que mais me identifico...bela escolha vc teve!

Boa semana Ana...bjo carinhoso.

netuno artes disse...

QUERIDA AMIGA,
VOLTEI AQUI SÓ PARA TORNAR A LER, É LINDO MESMO, MUITO BOM GOSTO,
BJS NETUNIANOS

Táxi Pluvioso disse...

Hmmm... esta Espanca, não sei não, talvez falta de lítio ou Prozac.

Vou tentar meter o António Botto no próximo post, que foi o único poeta que compreendeu os portugueses. Se lêssem o Botto em vez do Pessoa, ninguém ficaria espantado com o "escândalo Casa Pia".