quinta-feira, 13 de março de 2014

Lançamento "Absinto de Ousadias" em Genebra - Suiça














 






No dia 01 de Março de 2014, lancei o meu 5° livro de Poesia na Livraria Camões em Genebra - Suiça.

Obra e autora foram apresentados pelo meu querido amigo Benjamim Ferreira, Professor, Ex-Consultor das Nações Unidas e Director da Fundação OISTE.

A apresentação foi para mim uma enorme surpresa porque diferente de todas as que tive até hoje. Cada uma marcou à sua maneira pelas pessoas que escolhi, pelos momentos da minha vida que marcaram, porque como sempre repito, cada livro é um filho nascido da alma.

 Todas foram especiais, esta  para além disso, foi diferente!

Duas pessoas colaboraram de forma brilhante, dizendo poemas,  a professora Luz Neto e Olinda Fazendeiro. Soube todos os pormenores no final da apresentação.

Começámos com poesia de Ary dos Santos, de Maria Teresa Horta e textos retirados da Biblia falando do acto amoroso. Foi lido até, um texto de 43 A. C....

Durante toda a apresentação tivemos música, uma delas de que falo num dos poemas do livro, de Percy Sledge, "When a man loves a woman.

A livraria encheu, e para além dos amigos que já conhecem e que estão sempre comigo como Carmen Ferreira que faz cerca de 700 Km para estar presente e Osvaldo B. Ribeiro, tive também a presença do Presidente da "Rádio Arremesso" onde fui entrevistada dias antes, a presença da chanceler do Consulado Português, Dra Maria Helena do Valle, a jornalista Ana Gregorio que no final me colocou algumas questões para a "Gazeta Lusófona, jornal mensal distribuido para toda a Suiça.

Quero salientar uma observação da propria jornalista e que muito me agradou.
A presença de membros da Comunidade Brasileira o que não é costume.
Tenho graças a Deus muitos amigos Brasileiros e que fizeram questão de estar presentes. Agradeço a todos mas muito especialmente aos meus queridos amigos Crys de Paula e Leonardo Queiroz.

Como sempre, agradeço a organização do evento pelo proprietário da "Livraria Camões" o Sr António Pinheiro e à minha amiga Lourdes Carriço todo o apoio desde a primeira apresentação em Genebra.

Agradeço também ao meu querido filho, César Casanova de Sousa, toda a concepção do livro sendo ele o autor da capa, aliás de todas as capas e ilustrações dos meus livros.

Não poderia esquecer o meu grande amigo, o escritor António Galrinho, que prefaciou o livro e que desencadeou a feitura do mesmo, quando me disse que se reunisse num livro a minha poesia sensual/erótica, teria todo o gosto em fazer o prefácio. É um estudioso deste género de poesia.


Não querendo esquecer nada nem ninguém mas porque o texto se alonga, deixo-vos com o texto com que Benjamim Ferreira me  apresentou, contando uma história que aqui partilho convosco:


HISTORIA DE UMA AFRICANA BRANCA ESCRITORA

 
Ouvi contar uma história, há tempos, sobre uma africana branca que escrevia poemas.

Disseram-me, dela, a ousadia que a habitava quando, em noites de imbondeiros e gazelas, escrevia à luz do luar. Sem medos dos fantasmas próximos e sem as bebidas mágicas de curandeiras pintadas. Só, Sozinha...face a estranhos ruídos de silêncio africanos e às sombras rápidas de guerreiros esguios.

 Mais ainda; soube que casara jovem, nova, diria mesmo, como a maioria das meninas africanas habitantes das franjas do sonho e da leveza de um pé de dança. Pé leve, olhar transparente, vida mulata de acontecimentos na fronteira do imprevisto: casamento, filho, divórcio, paixões...sob os efeitos alucinogénios e imaginários de um absinto ausente.

LEITURA DE Menina e moça....

Não sei se isso aconteceu assim ou se as magias de curandeiros e de mulheres pintadas não incharam a imaginação na narrador. Diz-se, contudo, que as suas palavras gravadas em poemas curtos “falam de prazeres, dores, saudades, sorrisos, amor, paixão, desejo, erotismos e sexo.”

LEITURA PAG 20

EROTISMO E SEXO: o binómio que todos/todas calam por pudor, vergonha o medos ancestrais de demónios à espreita; sobretudo em momentos mais propícios ao surgir de desejos abafados no pôr-do-sol de tantos dias; Ocaso do dia? Tentação da noite? Pecado em crescimento?

LEITURA PAG 39

Dizia o narrador que a menina/mulher africana branca não viveu esses medos de criança e deu asas a todos os voos possíveis de experiências e vivências. Nunca se sentiu ameaçada pelos vozes de uma moral medieval que considerava a mulher como a porta do inferno nem nunca usou a palavra crua para exaltar um firmamento de estrelas, em vaivém. A menina/mulher africana branca está mais perto do Ovídio, escritor romano do ano 43 A.C que de Santo Agostinho, pensador e filósofo da Igreja, do séc, IV da nossa era.

LEITURA PAG 43

A menina/mulher africana branca sabe que os dias são sempre longos de desejos e as noites sempre curtas de amores vividos e vadios. E se o desejo erótico é um labirinto verde (talvez como o absinto), ele caminha à procura de um corpo, na pressa de se converter em fogo.

LEITURA PAG 46

Mais ainda soube da boca do narrador. Que quem diz o que pensa, é pensador. Quem diz, expressa, escreve o que sente escritor. Quem publica e ousa difundir o que sente, o que fez, o que lhe agita a imaginação e o corpo, é “ousador”. Talvez sob o efeito do absinto e a pulsão da vida. Talvez sob o desejo de partilhar momentos de fogo e de paixão. Talvez porque o espaço não existe quando a confusão da paixão explode em furacão de muitas gotas.

Eu tenho a ousadia de vos ler um poema que considero o melhor desta publicação. Sem absinto verde e sem alucinações amorosas.  Simples, direto, profundamente erótico

E A AUSENCIA DE ESPACO

ENTRE AS NOSSAS PELES

QUE ME VESTE.

E O DESEJO NOS TEUS OLHOS

QUE ME DESPE.

 

Benjamim

Ana Casanova, 2014.