sábado, 26 de setembro de 2009

Um mimo de um amigo


O teu sorriso
É tudo o que preciso
Alegra-me o espirito
Conforta-me a alma

O teu sorriso
Mais bonito que um Narciso
Repleto de côr e perfume
Magia... sim, de mulher.

Do teu sorriso
Que não me esqueço
Nesse teu rosto,
O olhar...

Por esse teu sorriso
Criei estas palavras
simples,porém sérias
Por esse teu sorriso

Para ti, expressamente... com muita ternura deste teu amigo que te admira imenso

Um miminho do meu amigo António Cruz, que escreveu este poema e mo deixou como comentário a esta foto. É bom ter amigos. Aquece-nos a alma!

Ana Casanova

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Humana


Por vezes sinto medo.
Medo que a vida me esqueça
ou que me esqueça da vida
de tanto nela pensar.
É tanto grito calado
com um nó na garganta
nesta luta que travo desafiando
tudo, questionando demais...
Afinal sou Humana!

Ana Casanova

sábado, 19 de setembro de 2009

Queridos amigos, como alguns sabem, esta quinta-feira fui fazer o ultimo exame de preparação para a operação ao estomago. Tenho andado nervosa, ansiosa, com certos medos eu confesso mas ao mesmo tempo desejosa que tudo passasse porque a minha vida ou continuação e resolução de muita coisa, passa lógicamente por isso.
Esta foto foi tirada, estava eu à espera da chegada da técnica que me ia fazer o electrocardiograma, já há quatro horas. Apesar de tudo estava feliz porque o meu tio e médico responsável pela cirurgia digestiva me disse que talvez dentro de duas semanas a operação se realizásse.
Entretanto enquanto eu aguardava, ele foi verificar se as minhas análises já se encontravam prontas porque me queixei que não me sinto bem e queria saber os resultados dos exames da tiroide. Sofro de hipotiroidismo o causador da tal obesidade mórbida que me faz engordar assim.
Já nas outras operações e porque tenho uma anemia crónica que sempre foi explicada com a minha doença, tive que fazer tratamentos com ferro para se puderem efectuar as cirurgias.
Entretanto e depos das complicações existentes, este cirurgião que me operou e voltará a operar se Deus quiser, achou que podia ter uma doença do sangue chamada Talassémia. Fiz os exames e realmente tinha globulos em auto-destruição o que indicaria que sim.
De repente o meu tio liga-me para o telemóvel e informa-me que os valores da tiroide estavam bem mas a anemia é enorme. Segundo ele, vai aguardar a vinda na proxima semana do meu cirurgião mas a operação não tem viabilidade agora. Nunca me iriam operar da forma como estou. A possibilidade é uma transfusão de sangue que para ele é de evitar pelo risco de rejeição, porque retirar do meu próprio sangue, da forma como ele se encontra de nada adiantaria.
Confesso que mais uma vez tudo desabou. Estes dias vão custar muito a passar porque estou ansiosa com as decisões que vão tomar e com as minhas possibilidades.
O meu tio mantêm que esta operação tem óptimos resultados na resolução da minha problemática mas tal como quando coloquei a banda gástrica se achava que era muito boa e hoje já quase não se aplicam por todas as implicações que causa e que eu conheço tão bem, também esta daqui a uns anos pode já não ser a melhor opção.
Na medicina, tal como em tudo na vida, o que hoje é verdade amanhã pode não ser. Tudo muda e tudo se transforma...
Eu também quero e preciso muito de mudar a minha vida!
Obrigada por me lerem e peço desculpa por andar mais ausente dos vossos blogues.
Tenho fé que tudo se resolva e entretanto vou fazer-vos uma visitinha porque já tenho saudades!

Ana Casanova

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Vida nova


Sinto-me frágil, sensível, quebrável. Sinto que estou num daqueles meus momentos limites em que tenho que arranjar forças para me aguentar.
Com o inicio das aulas, achei que tinha que ter uma conversa séria com o meu bonequinho mais novo, o Gonçalo. Ele não me estava a dar atenção sempre com os mimos e as brincadeiras habituais e eu achei naquele momento que tinha que ser mais rigorosa.
Talvez tenha sido um pouco fria ou dura, aliás como a vida...
Expliquei-lhe que a vida é complicada e que segundo as limitações que ele tem e que conhece porque nada lhe é escondido, mais esforço tem que fazer. Que a mãe e o pai não vivem para sempre e ele tem que lutar muito. Ele sabe que estou aqui para lutar com ele mas ele tem que ser autónomo e para isso tem que dar o seu melhor. Ele é capaz, eu sei! Precisa é de se convencer disso e não desistir, querer mas com muita força!
Apesar da sua imaturidade para os nove anos que tem, ele entendeu bem onde quis chegar. Olhou apenas para mim e os olhos marejaram-se de água. Não está habituado que lhe fale assim mas achei que tinha que ser. Claro que mal ele virou costas eu desmoronei, pensei se teria sido dura demais. Achei que ele precisava de um abanão e que entendesse que a brincadeira agora acabou. Ele passou para o quarto ano mas ainda não sabe ler e escrever e isso é básico para qualquer emprego.
Apesar de destroçada, sei que ele não pode viver num mundo de fantasia porque a vida não se condoi.
Não fui ter com ele, apesar de querer muito mas passado um tempo ele veio ter comigo a sorrir e disse: "Mãe, eu prometo que vou estudar. Prometo pelo Jesus!"
Sorrimos os dois, enchi-o de beijos e só perguntei se ele tinha entendido bem o que lhe disse.
Respondeu que sim.
Hoje de manhã ia feliz e à chegada à escola, foram recebidos com musica e uma faixa que dizia: Bem vindos!
Só espero que chegue a hora de o ir buscar, para o ter nos meus braços.
Vem concerteza cheio de fome e depois do lanche, temos muito trabalho a fazer!

Ana Casanova

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ao tempo

Peço ao tempo
que me dê tempo
tempo para amar
Peço ao tempo
que me deixe resistir
para aceitar o que vier
Que me faça amar
sem olhar a quem
que não me torne incrédula
Peço ao tempo que
me dê tempo pra sonhar
para acertar e para errar
Porque o que importa
é o tempo que o tempo me der
Porque o importante
é o tempo de amar!

Ana Casanova

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Angola e os "retornados"

http://vidaslinha.blogspot.com/

Respondendo à Mylla do blog "Vidas em Linha", aceitei o convite para participar na Blogagem colectiva, em comemoração aos seis meses de vida do seu espaço.
A ideia foi postarmos um texto sobre um facto marcante para a nossa vida e o meu foi a vinda para Portugal.
Não viemos todos nas mesmas circunstancias mas todos sentimos na pele, primeiro a perda de tudo o que nos pertencia, da nossa vida, de um futuro que naturalmente seria bem diferente e depois o tratamento à chegada.
Fomos chamados e ainda somos por vezes, apesar de hoje tudo ser diferente, de "retornados", quando já os meus pais nasceram em Luanda e portanto não retornei para lugar algum.
Tinhamos outros nomes como brancos de segunda e os "tinhas". Antes de continuar, ressalvo que nem toda a gente era mal formada e portanto refiro-me a quem nos tratou mal e foram muitos. Principalmente o estado que vendeu a nossa terra e depois nos deu o tratamento que deu.
Continuando, os "tinhas", tinham mesmo e isso para gente invejosa fazia muita confusão.
Chegámos a um país adormecido, que ganhou vida e cor com as gentes de África.
Viemos quase todos sem nada e muitos com a roupa que trazia no corpo mas todos refizeram as suas vidas. Muitas vezes e ainda há meses tive uma discussão encalorada com quem me perguntou se aquilo era tão bom porque viemos. Eu tive que lhe colocar questão igual: porque isto sendo tão bom, foram e continuam a ir.
A descolonização fez-nos feridas profundas que nos marcaram para sempre!

Ana Casanova