sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Como prometido

Hoje foi dia de ir ao hospital saber os resultados das ultimas análises.
Eu não consigo discernir bem se as noticias são muito boas. Apenas consigo dizer o que me foi explicado de uma forma simples e peço desculpa se algum entendido na, matéria me ler e estiver alguma coisa descrita de forma menos correcta. Sou muito atenta de qualquer forma e explico, da forma simples como me foi explicado.
Por um lado, aqueles resultados disparatados que iam fazendo que levasse uma transfusão de sangue, não podiam ser meus. Por esse motivo, a médica prefere recolher o sangue ali mesmo no hospital de dia, até porque controla melhor e mais rápido os resultados. É que agora as análises de sangue são todas feitas no Hospital Sta Maria o que eu acho que proporciona este tipo de confusões mas os entendidos é que sabem! O Hospital deixou de ter laborátório e penso que será assim com os hospitais de Lisboa. Centralizaram o serviço em Sta Maria.
A médica explicou-me que se verifica nestas análises que houve sim, absorção de ferro que passou de valor 5 para 700. O problema consiste na absorção desse ferro.
Como expliquei na semana anterior, o facto de ter estado a semana passada com o periodo menstrual onde tenho perda imensa de sangue não ajudou para o estudo.
Houve mais um aumento de 2 gramas no valor da hemoglobina mas os meus globulos vermelhos apenas aumentaram ligeiramente de tamanho. Apesar de pouco foi positivo e a médica tomou a seguinte decisão: mandou retirar-me mais sangue hoje para analisar na proxima quarta-feira, pois assim tenho estes dias para o ferro se expandir pelo organismo já numa situação em que não existem perdas de sangue. O que ela pretende é que resulte porque se não resultar, vai ter que tomar outras medidas.
Falou-me em dar uma injecção para estimulação da medula óssea mas quer evitá-la porque diz que ainda sou muito nova e não o queria fazer.
Sinceramente eu também não quero e como sempre mal cheguei a casa vim ao Google ler sobre o assunto e fico logo mal disposta.
Estou aqui a falar de coisas tão sérias e importantes para a minha vida e de repente lembrei-me de uma brincadeira que faço com o Gonçalo e com a qual nos fartamos de rir. Tem a ver com uma cena de uma novela brasileira, em que uma personagem falava com as célulazinhas enquanto colocava o creme no rosto para as estimular.
O Gonçalo adora essa minha brincadeira e eu vou terminar dizendo que espero que as minhas célulazinhas reajam porque eu preciso muito e não é por causa das rugas!
Hoje não quero chorar, apesar do nó na garganta. Do que vale sofrer já por antecipação? Posso até estar a querer mentalizar-me mas se assim fôr também considero positivo e acho que vocês me entendem. Dão-me sempre muita força e acreditem que me faz muito bem.
Beijos para todos!

Ana Casanova

domingo, 25 de outubro de 2009

Pórtico

Outros serão
os poetas da força e da ousadia.
Para mim
— ficará a delicadeza dos instantes que fogem
a inutilidade das lágrimas que rolam
a alegria sem motivo duma manhã de sol
o encantamento das tardes mornas
a calma dos beijos longos.
Um ócio grande. Morre tudo
dum morrer suave e brando...

Que os outros fiquem com o seu fel
as suas imprecações
o seu sarcasmo.
Para mim
será esta melancolia mansa
que me é dada pela certeza de saber
que a culpa é sempre minha
se as lágrimas correm ...

João José Cochofel

João José Cochofel, poeta, ensaísta e crítico literário e musical.Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Coimbra, tendo integrado o movimento neo-realista coimbrão. Foi um dos grandes organizadores do Novo Cancioneiro.
Dirigiu até à altura de sua morte, o Grande Dicionário de Literatura Portuguesa e da Teoria Literária, que não concluiu.
A sua poesia de grande Lirismo, aflora temas como a natureza e o mundo social.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Tive medo

Hoje de manhã, tal como previsto, fui saber o resultado das análises depois dos tratamentos de ferro. Apesar de estar naquela altura "crítica" do mês em que sofro bastante e tal como quase todas as mulheres, fico especialmente sensível, sentia-me tranquila e esperançada.
O pior foi quando vi a cara preocupada da médica quando viu os meus exames.
Havia mais glóbulos vermelhos auto-destruidos e os resultados davam como estando pior que antes da tomada de ferro.
Imediatamente passou todo o tipo de exames de doenças de origem hereditária e outras porque não conseguiu entender a que se deviam tais resultados. Continua a achar que não tenho Talassémia mas voltou também a pedir esses exames específicos mas no entanto e porque se metia o fim de semana, propôs-me fazer uma dose de sangue. Nunca tinha sido transfundida e ela estava a evitar fazê-lo.
Aguentei-me enquanto pude mas quando ela saiu da sala para dar indicações da tirada de sangue para mais análises e para me fazerem a transfusão, desatei a chorar.
Eu tenho noção que preciso ser forte. Eu sei que em qualquer doença, a força e positivismo é fundamental mas não sou de ferro...
A médica entendeu o meu nervosismo e entretanto já tinha ligado para o meu tio, médico da cirurgia digestiva, que se dirigiu logo ao serviço. Ambos disseram que eu precisava ter muita calma e que se vai descobrir o motivo destes resultados.
Passei ao hospital de dia e a enfermeira enquanto ia tratando de me tirar o sangue e preparar para a transfusão, ia-me carinhosamente fazendo festas. Fico feliz quando vejo pessoas que têem vocação para as profissões que escolheram e não as consideram meros empregos, ainda para mais quando se trata de lidar com pessoas que já por si se encontram debilitadas e a precisar de atenção.
Estava tudo pronto, quando a médica chega com novos resultados de sangue que contrariavam os tais que levavam à transfusão. Estes que ela fez no momento, demonstravam que embora apenas 2 gramas, tinha havido uma melhoria nos resultados.
Como não confiou nos outros exames, preferiu não fazer a transfusão mas também não me dar mais ferro, até na próxima sexta-feira poder fazer nova avaliação.
Achou estranho que tivesse havido melhoria em dois dias e não acreditou na fiabilidade dos exames vindos do laboratório e preferiu esperar pelos novos.
Nesse momento com o sorriso dela, surgiu-me uma nova esperança de que não haja tanta gravidade como a pensada, porque mesmo 2 gramas demonstraram que houve qualquer reacção ao ferro e não foi negativa como se pensava.
Para já preciso repousar, acalmar e pensar que vão descobrir o que tenho para poder ser operada. Eles pedem-me um pouco de paciência e tempo para tratarem de mim e levarmos o "barco a bom porto".
Tenho total confiança neles, muita fé em Deus e um amor tão grande pelos meus filhos que vou lutar muito, muito, muito!
Na próxima sexta-feira darei mais noticias. Beijos com muito carinho para todos vocês.

Ana Casanova

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O polémico Saramago


O prémio Nobel Português já havia gerado polémica quando afirmou que Portugal deveria tornar-se uma província Espanhola. Segundo ele, só teríamos a ganhar! Reside já há muitos anos na ilha Espanhola de Lanzarote.
As sua novas observações a quando do lançamento do seu mais novo livro "Caim", só poderiam gerar uma nova polémica mas a que ele já nos habituou. Não obstante a mim chocou-me como a tanta gente. Realmente sou católica e creio em Deus e não foi só a igreja que se sentiu ofendida como ele diz.
Afirmou que a Bíblia é "um livro de maus costumes" e retrata Deus como mau e cruel dizendo que é "vingativo e má pessoa".
Não esqueço o seu valor como escritor e obras como "Ensaio sobre a Cegueira" ou a forma como nos apresenta a morte em "Intermitências da morte", no entanto e tal como ele expresso aqui a minha opinião pela mesma liberdade de expressão que tenho ao viver em democracia, tendo o direito a achar que o acho prepotente e excessivo nas considerações. Considero como mais pessoas, que esta foi uma óptima forma de divulgar a nova obra em tempos de crise!
Aceitando sempre toda a espécie de opiniões contrárias, deixo aqui algumas frases suas que considero marcantes:


"Portugal deveria ser provincia de Espanha"


"Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: lê a Bíblia e perde a fé"


"Deus é um filho da puta" - "Caim"


"Não cumprimento Cavaco Silva"


"A língua é minha e o sotaque é seu".

Resposta a um estudante brasileiro que disse não perceber a sua pronuncia, numa conferência.



Ana Casanova

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Poema do amigo aprendiz


Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...

Fernando Pessoa

Um poema que dedico a todos vocês!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Nova rotina

Como já havia referido, a operação para redução ao estomago foi adiada, porque os exames de sangue mostraram que estou com uma grande anemia.
Os valores para as muheres, abaixo dos 14 g/dl já não são normais e o meu estava bem abaixo do minimo com um valor de 6 g/dl.
Apesar do cansaço extremo, da queda de cabelo intenso, das unhas que se partem por nada, da falta de ar, esperava que me fosse marcada a consulta com um especialista que controlaria tudo isto. O meu organismo achou que não podia esperar mais e esta sexta-feira apanhei realmente um susto. Uma sonolência doentia invadiu-me, o sangue parecia gasoso, o coração parecia querer deixar de bater. Tive medo!
o médico mandou-me estar sem falta hoje no hospital, onde iniciei um tratamento de choque, de ferro por via endovenosa. O meu estomago e intestinos com o meu historial de doença, todas as drogas que já tomei, operações que fiz, já não absorve ferro de outra forma.
Sexta-feira farei um segundo tratamento e será feita uma avaliação para ver se o meu organismo está a aceitar o ferro. Como havia referido, tenho glóbulos vermelhos que se auto-destruiram e que podem ser indicadores de talassémia mas a médica diz que não chega isso para chegar a essa conclusão. Está optimista que este tratamento resulte mas já me disse que passarei a ser vigiada de 6 em 6 meses e a fazer ferro por esta via, em principio para toda a vida, porque vem aí mais uma cirurgia ao estomago.
Apesar de tudo isto, talvez porque estive numa sala com mais cinco pessoas que fazem este tratamento há anos e vi sorrisos e boa disposição, senti-me tranquila.
Pensei que agora estou a ser tratada e vigiada e tenho mesmo que acreditar que a resposta do meu organismo ao tratamento, será positiva.
Tenho muita fé que será assim. As forças irão voltar, para eu prosseguir a minha luta, porque tenho muitas batalhas importantes para travar, muitos sonhos para concretizar e a vida é linda e eu quero vivê-la!

Ana Casanova


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Outono

Chegou o outono e os dias cinzentos.
o Céu chora e eu como "flôr de estufa" já estou doente.
A garganta dói-me, a temperatura não quer descer, a cabeça parece que estoira mas não me sinto triste como o tempo.
O meu coração pulsa intenso e vivo e lembro de outras chuvas, de outras paisagens vibrantes e quentes.
Aquelas chuvas de verão inesquecíveis que tanto prazer me davam, quando surgiam de repente e em bátegas, fazem-me fechar os olhos e sentir uma vontade imensa de ser Terra e que tu te transformes em Chuva... e me molhes!

Ana Casanova

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Poesia é vida!

Poesia não é rima
não é escrita fina
nem palavras difíceis.
Para mim a poesia é tudo
Poesia é vida
dor, desilusão
desejo, frustração
um sorriso, um desejo
emoção, refugio, reflexão.
Poesia é tudo o que brota aqui dentro
de mim e passo para o papel.


Ana Casanova