domingo, 8 de setembro de 2013

HOMENAGEM A ANTÓNIO FEIO - POESIA DE CARLOS FEIO














Amigos, partilho convosco a noite emocionante que vivemos ontem dia 7 de Setembro de homenagem ao actor António Feio.
A organização esteve a cargo de José Proença e do irmão, o poeta Carlos Peres Feio.
Assim iniciou a noite José Proença com as palavras de Lorca: " O teatro é a poesia que sai do livro e se faz humana".
Durante a noite fomos ficando a conhecer melhor, a história de vida de António Feio, desde o seu nascimento no ano de 1954, na então, Lourenço Marques, Moçambique.
Com Poesia e Música, se "falou" António Feio.
As sonoridades foram naturalmente a Africana e Portuguesa com músicos como Pedro Faro e José Cordeiro que nos encantaram bem como a maravilhosa voz da Maria Morbey em músicas como "Yesterday" dos Beatles tão a propósito.
Carlos Peres Feio, um querido amigo e poeta que tanto admiro, foi-nos falando do irmão e foram várias as vezes, porque não me passou despercebido, que se chegava atrás tomando um golo de água e ao mesmo tempo, limpava aquela lágrima ao canto do olho que teimava em escapar... Senti todo o tempo uma emoção profunda, pela forma como senti o amor pelo irmão e por toda a família que não deixou de mencionar.
Fiquei a saber que a influência na entrada de António Feio para o Teatro se deveu a sua mãe, Ester Feio, também artista de teatro, de Carlos Avilez e de Miguel Torga, este, indirectamente, ao criar a personagem que António interpretou na peça "O Mar" de sua autoria.
Entre poesias, Carlos Peres Feio contou-nos do mail que recebeu de resposta ao seu pedido de prefácio, ao irmão, para um dos seus livros de poesia, o que me ofereceu esta noite e cujo tema é o Amor.
No mail, António Feio, colocou no assunto: "Prefácio".  No texto e se bem me recordo, colocou mais ou menos assim: " Se depois disto nunca mais publicares um livro de poesia, a culpa não é minha. Lol"
Neste prefácio, tão diferente de tantos que tenho lido, António Feio diz mesmo que "Eu sei que este não é um prefácio normal." Se pensam que vou tecer grandes considerações sobre a poética do meu irmão estão completamente enganados. O que eu proponho aos leitores é o seguinte: avancem para o poema que está na página 10 e leiam-no já. façam-me esse favor! (Eu espero)
Mais à frente, diz que " a poesia que me interessa é a que anda no ar. É a que fica. Por isso vos pedi que lessem "Tenho dez minutos". Ficou a pairar sobre a minha cabeça. Inquietou-me. Comoveu-me. Irritou-me. Mas sem dúvida, sensibilizou-me. E porque o tema principal deste livro é o Amor, aqui fica, em forma de resposta poética, o meu contributo:

Tenho dez linhas
para dizer que te amo
as mesmas dez linhas que separam um poeta de um actor
um irmão de um irmão
sei que muito antes de me leres
vais saber que esta contagem decrescente
te pertence
agora já não tenho dez linhas
só me resta uma
a linha da vida para te amar.

António Feio

A noite prosseguiu desta vez com poesia do Poeta Jorge Castro, dedicados à família, pela morte da irmã Helena (Nica)  o que tanto marcou António Feio que já padecia da mesma doença.
Numa das suas intervenções, José Proença, recordou as palavras de António Feio já na fase final da sua vida: "Agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer".
A emoção era muita e só quando Carlos Peres Feio leu o seu já famoso poema "João Vasconcelos" em alusão à artista Joana Vasconcelos e sua arte, que pôs toda a audiência a rir, o ambiente "desanuviou".
A sala estava repleta de família, amigos e de admiradores do actor, de tal forma, que pessoas estavam do lado de fora da sala só marcando presença. Não quiseram partir.
Eu parti como tenho certeza que todos, feliz e com a alma "cheia"! Assim queria que fosse, António Feio.
Quero aqui deixar um abraço cheio de carinho ao Carlos Peres Feio pelo maravilhoso ser humano que É! Como disse na dedicatória que me deixou no livro, somos "da mesma Equipa da Poesia"!

Ana Casanova