Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto
António Emílio Leite Couto,(Mia Couto) poeta nascido na cidade da Beira em Moçambique no ano de 1955. Mia era o nome que o irmão mais novo lhe chamava por não saber pronunciar Emílio, no entanto o poeta refere que também tem muito a ver pela sua paixão pelos felinos. Segundo familiares, em pequeno costumava dizer que queria ser um gato.
No seu percurso de vida, abandonou o curso de medicina, dedicou-se ao jornalismo, acabando por tirar o curso de Biólogo.
Escreveu poemas, contos e romances tendo recebido vários prémios. É o escritor Moçambicano mais traduzido no estrangeiro. As suas obras foram traduzidas em Alemão, Francês, Espanhol, Catalão, Inglês e Italiano sendo também o mais lido em Portugal.
Um escritor que tem uma forma muito própria de escrever e rica em neologismos, dando novos sentidos às palavras e inventando outras.
Quero dedicar este belo poema a dois amigos, o António, "Tentativas Poemáticas" e a Isabel Monteverde "Artista Maldito".
16 comentários:
Muito própria realmente, ivejável e emocionate e diferente. Adorei, mas a poesia está dentro de você...Por isso a bela escolha. Beijo
Beautiful words and a really nice post !! Words are really touchy !!Unseen Rajasthan
Lindo poema de Mia Couto! Ficou lindo por aqui!beijos,chica
As vezes um texto nos entrega respostas que jamais teriamos como encontrar... esse caso foi assim
grande beijo
Olá Ana,
Lindo poema que eu já conhecia. Pessoalmente admiro muito o Mia Couto
Beijinhos
Alex
Olá, amiga!
Escolha muito linda a sua. Está bem, Ana? Preocupo-me
Muitos beijos e Bons Dias sempre
Renata
_________________________________
Realmente é um belo poema! Obrigada, por compartilhar conosco, Ana...
Beijos de luz e o meu especial carinho!!!
Zélia (Mundo Azul)
ps.- vejo você lá na Fazenda!
Um muito original para expressar estas palavras bonitas Greetings
Olá
Boa escolha de poema!!
Mia Couto
Beijoka
A escolha da postagem não poderia ser melhor, como todas que vejo aqui.
Gostei, gostei muito,
bjs netunianos
Humana, que fotografia linda do Mar, a onde fica este pedaço de paraíso?
Demorei mas cheguei...
Eu não esqueci um só de todos os meus amigos aqui, e hoje retorno, depois de muito trabalho com o nosso Site, com os 1000 Sonetos, agora poderei estar ao lado de todos , matando as saudades, que se fazem presente ao presente momento,
passa lá na minha casinha, pois tem
NATAL
para todos os amigos,
com carinho, Efigênia
Os verdadeiros miados vêm de Portugal, o povo que mia com a "corrupção", que mia com o défice, que mia com a Casa Pia (para rimar). bfds
parece que elel escolheu o caminho certo um lindo poema!e vc como esta?bjs!
É sempre grato ler um bom poeta e felicitar quem se lembra deles.
Beijo
Querida amiga
Confesso que não tenho lido as tuas últimas publicações.
Tenho andado entretido a publicar os Contos da Guerra para depois escrever à tal editora on-line.
Acabei de falar com a Isabelinha. Já tem o catecter no peito para iniciar a quimio. Falei-lhe em ti e ela manda-te muitos beijos com agradecimento. Tens sido uma boa amiga. Tu sabes bem que há pequenos e simples gestos ou atitudes que nos ajudam (a mim ajudam) a sair à rua.
Quando chegar a altura, se Deus o permitir, hei-de ir com a Isabel conhecer-te e oferecer-te um enorme e lindo ramo de flores.
Mil beijinhos.
António
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